quarta-feira, 11 de maio de 2011

CULTURA MUÇULMANA - PROFESSORA ILVANA

CULTURA MUÇULMANA
       Um dos pilares da cultura muçulmana foi o ensino. O ensino das crianças poderia fazer-se em casa sob a supervisão de um mestre ou então nas escolas públicas. Era nesta fase que se aprendia a ler, a escrever e a recitar o Corão. A continuidade dos estudos dependia de fatores econômicos: o jovem mais abastado podia estudar em casa com os mestres; os restantes participavam nos cursos que decorriam nas mesquitas. Era nesta altura que se instruíam com disciplinas essencialmente vocacionadas para a religião, a filosofia, o direito e a língua. Naturalmente que o peso recaía sobre as matérias de índole religiosa. O ensino assim estruturado era coadjuvado com a existência de bibliotecas, que assumiam uma especial magnitude nas cidades e vilas mais importantes.
      Depreende-se, imediatamente, que a cultura muçulmana assentava essencialmente numa forte componente religiosa cuja pedra de toque era a mensagem presente no Corão. O apego ao islamismo e o trabalho constante de leitura e interpretação do livro sagrado permitiram uma maior amplitude na análise filosófica e teológica. A conjugação com as constantes deslocações através de um vasto território, efetuadas por comerciantes e viajantes, provocou uma difusão e uma partilha do pensamento, da arte e das técnicas. Paralelamente ao ensino ministrado nas escolas, às discussões públicas sobre os mais variados assuntos e à transmissão de experiências através de contatos, também a corte desempenhou um papel importantíssimo na difusão do saber, pois albergava no seu seio um sem-número de sábios e artistas que, apoiados pelo soberano, difundiam um saber de elite.
        A herança de testemunhos arquitetônicos permite avaliar a organização do culto através da proliferação de mesquitas que, variando no tamanho, se implantaram em todas as cidades e vilas de certa importância. Abriam-se em franco diálogo com o exterior e com a vida urbana, e tinham uma implantação privilegiada no centro da cidade. A par destas construções de maior importância, existiam também pequenas "mesquitas" que seguiam o modelo das maiores como, por exemplo, a de Córdova ou a de Sevilha. As mesquitas compunham-se essencialmente de um espaço quadrangular - a sala de colunas com o indispensável mihrab, direcionador do edifício e do crente para Meca, o pátio, o chafariz para as abluções rituais e um pequeno minarete, que se elevava em altura e ganhava importância nas mesquitas maiores, onde o muezzim chamava os crentes ao culto.
       Para além das diferenças relativamente à disposição e estrutura dos edifícios em comparação com os edifícios cristãos, há também uma demarcação e uma diferença nítida na abordagem dos cultos, nomeadamente no culto da morte. Os mortos eram enterrados fora do perímetro das cidades, envoltos num sudário, sem qualquer despojo, diretamente em contacto com a terra e numa posição de decúbito lateral, com o rosto voltado para Meca. Trata-se de um ritual completamente distinto do ritual cristão.
        Apesar de professarem outro tipo de religião, os Muçulmanos toleravam o culto cristão. Ainda assim, há relatos de martírios e perseguições levados a cabo contra os cristãos, datando do século IX. Mantiveram a organização eclesiástica cristã com a conservação das dioceses e das paróquias, bem patente pela vigência de antigos oragos. Não se abandonaram cultos que já vinham de épocas anteriores, como é o caso da peregrinação de homenagem às relíquias de S. Vicente. Os muçulmanos também conviviam e toleravam os seguidores de outras religiões, já que nas suas cidades também viviam judeus, protegidos pelos próprios muçulmanos, com quem partilham os locais e rotas de comércio. Segundo Cláudio Torres, a implantação do islamismo foi lenta e gradual e não uma imposição religiosa rápida à custa de razias e massacres perpetrados pelos exércitos árabes, sírios e berberes. Só nos finais do século X a comunidade muçulmana se tornou numericamente expressiva.
        Perante este quadro desenvolveu-se a teologia e a filosofia. Alguns dos mais célebres teólogos muçulmanos viveram no território português.    Podem-se apontar, entre estes, os teólogos Ibrahim ibn Harun al-Zahid e Abu 'Amr ibn 'Abd al-Barr de origem cordovesa, este último implantado em Lisboa nos séculos X e XI e Yahya ibn Ahmad ibn Wuhaibi, sevilhano, do século XI, responsável pela escola corânica em Silves. Naturalmente que também no território andaluz há teólogos originários do ocidente da Península, nomeadamente em Sevilha, como são os casos de Abu 'Abd 'Allah ibn Zaid al-Yaburi, originário de Évora, e do poeta e teólogo Abu-I Walid al-Baji, de Beja, que desempenhou uma atividade importante de combate à heresia zahirista em Maiorca. Entre os filósofos destaca-se a figura de Abu Muhammad 'Abd Allah ibn Muhammad ibn al-Sid al-Batalyawsi, da segunda metade do século XI, originário de Silves, que elaborou o Livro dos Círculos, obra de carácter filosófico e teológico.
       Estes homens eram portadores de um extenso saber distribuído por várias áreas como a teologia, a gramática, a história, a filosofia e o direito, e não era raro que uma só pessoa congregasse os diferentes saberes. A poesia, extremamente elaborada e muito original, teve um destaque muito importante no panorama literário do Ocidente, cujos polos principais foram Silves, Évora, Santarém e Lisboa. Além da poesia, os Muçulmanos mostravam também grande aptidão para a música, conforme transparece da terminologia ligada a instrumentos musicais que chegou aos nossos dias.
      No que diz respeito aos costumes, a crítica feita pelos teólogos e ascéticos deixa-nos a sensação de uma grande liberdade e de um grande contraste com as regras de conduta dos cristãos, por exemplo, em relação à liberdade sexual.
     Relativamente às manifestações artísticas, o ocidente peninsular não é muito fértil. Face à região da Andaluzia e mais precisamente a Córdova, o ocidente peninsular constituiu um território sem importância excessiva, permanecendo uma mera província marginal às grandes realizações artísticas que iam ocorrendo. Esta escassez de edifícios e objetos agravou-se com a ação substituidora levada a cabo pelos cristãos, destruindo intencionalmente a maior parte dos testemunhos da presença islâmica no nosso território.     Destes testemunhos subsistem em maior quantidade capitéis, que atestam o valor escultórico da arte islâmica.
Ilustrativa deste facto é a constatação e implantação de mesquitas em todas as cidades e vilas importantes e que, posteriormente, foram transformadas em igrejas ou, no caso das mesquitas maiores, convertidas em catedrais, como aconteceu em Coimbra, Lisboa, Évora e Silves. Transformava-se o quadrado da área da mesquita numa planta de cruz latina, acrescentando ou retirando materiais, adaptava-se o mihrab, o minarete transformava-se em torre sineira, destruíam-se as decorações árabes, adaptava-se tudo, o que implicava por vezes elevadas despesas. Na sequência de todas as adaptações, que a foram descaracterizando, tornou-se difícil muitas vezes a perceção daquilo que fazia parte da antiga mesquita. Em Portugal, o único caso em que se identifica imediatamente o espaço do edifício muçulmano é a igreja matriz de Mértola. Aqui foram conservadas a planta quadrada, as colunas, as portas com os arcos em ferradura e o mihrab.

O Islão é muito mais que uma religião: suplementa os princípios de uma vida social ou política. O casamento muçulmano pode acontecer de diversas maneiras, dependendo da cultura e da região onde este é celebrado. As mulheres muçulmanas não podem casar fora da sua religião, embora os homens muçulmanos o possam fazer. 

O casamento muçulmano

Tradições

Entre muçulmanos, é a família do noivo que procura uma noiva que considere adequada ao noivo.
Um casamento muçulmano é uma espécie de contrato entre o homem e a mulher e o seu guardião. Este contrato implica o pagamento de um valor, valor esse acordado pelas duas partes e pago pelo noivo na altura em que o contrato é feito. Este pagamento pode nem sempre ocorrer, caso as duas partes o decidam eliminar.
A noiva nem sempre está presente quando o contrato é feito, embora o seu pai ou guardião esteja presente. Caso a noiva não esteja presente, duas testemunhas perguntam à noiva se dá ao seu representante poderes para celebrar o contracto e se concorda com a quantia paga.
A oferta do casamento é feita pelo pai da noiva, ou pelo seu guardião. Segue-se uma aceitação feita pelo noivo, na presença de duas testemunhas muçulmanas. A noiva tem direito a receber a quantia referente ao contrato e fazer dela o que bem entender. O valor recebido poderá ser em dinheiro ou em géneros, e deverá ser especificada antes do noivo a dar à noiva.

Cerimónia de noivado - Mangni

O Mangni ou a cerimónia de noivado implica a troca de anéis. O traje da noiva para esta festa é oferecido pela família do noivo. O período de noivado dura cerca de três meses, e caso os noivos não se casem ao fim deste período, o contrato de casamento deverá ser renovado. Durante o noivado, a noiva só poderá estar na presença do seu noivo caso o seu pai ou irmão também estejam presentes.

Data

O calendário muçulmano ocorre segundo o ciclo lunar, por isso não há datas fixas para casamentos. Pode-se também casar a qualquer hora do dia. No entanto é proibido casar nos dias de Eid, que ocorrem depois do Ramadão, e do de Pilgrimage; também não pode acontecer um casamento no dia de Ashura que calha no nono ou décimo dia do primeiro mês do Islão.

Logo que se decida o dia do casamento, fala-se com o Íman da mosquita, devendo de seguida o noivo preparar o presente para a noiva, pois este é uma parte muito importante da cerimónia do casamento.

Celebrar

Qualquer homem que perceba as tradições do Islão poderá celebrar a cerimónia de casamento muçulmana, embora a mosquita tenha um oficial de serviço que usualmente o faz.

Convidados

Num casamento muçulmano podem comparecer convidados de todas as religiões. Embora os convidados devam ter em conta que não devem usar trajes decotados, ou reveladores do corpo.

A cerimónia - Manjha

A cerimónia do casamento implica que a noiva seja previamente envolvida numa massagem feita com uma pasta à base de açafrão. Isto acontece na casa da noiva, um a dois dias antes do casamento. A pasta é feita à base de açafrão, sândalo e óleo de jasmim, providenciado pela família do noivo. A noiva também é “tatuada” com henna.

Só as mulheres solteiras podem aplicar henna à noiva. As tatuagens henna
são aplicadas nas suas mãos e pés. Depois desta cerimónia a noiva não sai de casa até ao dia do casamento. No dia do seu casamento, é-lhe oferecido o traje de casamento pela família do noivo. Ao noivo também é colocado um símbolo sob a forma de um sinal.

A procissão do noivo

No dia do casamento, é comum fazer-se uma procissão de amigos e familiares que acompanham o noivo de sua casa até ao local do casamento, embora o noivo possa ir de carro.

A chegada do noivo e dos convidados

A chegada do noivo ao local da cerimónia, é acompanhada por tambores e pelo som de mais alguns instrumentos musicais tradicionais. Na sua chegada, o noivo e o irmão da noiva trocam um copo de sherbet (uma bebida adocicada) e de dinheiro. As irmãs da noiva dão as boas-vindas aos convidados tocando-lhes com uma espécie de bastão decorado com flores.

A cerimónia do casamento - Nikah

Se não existir nenhuma área coberta especial, é erguida uma tenda para celebrar o casamento. Em algumas cerimónias muçulmanas, especialmente naquelas mais tradicionais, os homens e as mulheres sentam-se em locais distintos da cerimónia.
Antes de ser lida uma peça seleccionada do Corão, na presença de duas testemunhas muçulmanas, o sacerdote pergunta à noiva se esta está satisfeita com o acordo e se ela concorda em casar com o noivo. Ao noivo é feita a mesma questão.
As duas partes ouvem um sermão relativo ao casamento, feito por um oficial muçulmano. Não existem especificações especiais, a cerimónia do casamento depende muito de quem a celebra. Alguns sacerdotes recitam o primeiro capítulo do Corão, e fazem a bênção.
O casamento é registado. É assinado primeiro pelo noivo e por duas testemunhas. A noiva assina de seguida. Os documentos do casamento são preenchidos na mesquita. O noivo é levado para o lado das mulheres. Ele oferece dinheiro e presentes às irmãs da noiva. O noivo recebe a bênção das mulheres mais velhas da família e cumprimenta-as.
Pode-se atirar confetis à noiva, só que é mais tradicional atirar moedas, pois este gesto é mais antigo.
Segue-se um jantar, que é servido separadamente a mulheres e a homens. A família do noivo festeja à parte.

Depois da primeira refeição, o noivo e a noiva sentam-se juntos e um grande lenço é usado para cobrir as suas cabeças enquanto o sacerdote e os noivos fazem algumas orações. O Corão é mantido entre eles e é-lhes permitido ver-se um ao outro através do reflexo de espelhos. Diversos doces e frutos secos, são servidos aos convidados.

Primeira noite

O noivo passa a noite na casa da noiva, num quarto separado desta, junto com um irmão mais velho da noiva. Na manhã seguinte é-lhe dado roupas, dinheiro e presentes pelos pais da noiva. Na tarde seguinte, os seus familiares acompanham os noivos à sua casa.

A cerimónia Rukhsat

Na casa dos noivos, a saída do pai da noiva é feita com o pai da noiva a entregar a mão da sua filha ao noivo e pedindo-lhe para a proteger para sempre. Dão-se as despedidas finais.
Outra tradição que pode acontecer, é quando a noiva entra na sua nova casa, a sua sogra segura o Corão sobre a noiva e sobre o noivo. Quatro dias depois do casamento a noiva é levada para a casa dos seus pais. A recepção do casamento acontece quando o noivo leva a noiva e a sua família de volta para uma recepção dada pela sua família. É aqui que as duas famílias se tornam numa só.

Presentes

Os presentes são trocados entre a família do noivo e da noiva antes e depois do casamento.

Trajes

Num casamento muçulmano o vermelho cereja é a cor de eleição para o vestido da noiva. A noiva é adornada com flores e jóias. Cobrir a cabeça com um véu é sinal de respeito. O comprimento do véu pode variar, não cobre só a cabeça mas também os ombros, indo quase até à linha da cintura.
O preparar da noiva pode durar dias, sendo a noiva “embrulhada ”pelo vestido. O vestido usado com o véu é colocado numa ponta na cintura da noiva, e enrolado à volta do corpo caindo a ponta final sobre o ombro. Este vestido é usualmente feito de seda e adornado com um belo padrão. O centro do véu é usado para cobrir a cabeça e as suas pontas são colocadas por debaixo dos braços e metidas no restante vestido.
O noivo pode usar um fato de seda brocada e um turbante como fato de casamento.
A noiva Árabe usa um tradicional vestido branco e véu tal como num casamento cristão, embora os seus pés e mão sejam cobertos com henna. O noivo usa uma roupa simples tradicional ou um fato ocidental, ou mesmo uma combinação dos dois.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES
1. Leia o texto e relate sobre  o ensino na cultura muçulmana.
2. Escreva de forma sucinta as etapas do casamento muçulmano.
3. Explique como acontece o casamento no mundo ocidental na religião católica ou em outra.


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